terça-feira, 13 de novembro de 2012

Que vida boa, meu Deus! Muito obrigada!

"Eita vida besta, meu Deus!"
Tenho 52 anos e sou feliz. Percebi a minha idade somente ontem... Eu achava que ainda tinha 50!
Tenho netas, poucos amigos, uma grande família e um amor.
Tenho também, bem à minha frente, dois ovos fritos e um pão. Ah, um copo de coca-cola! E, enquanto contemplo extasiada este prato simples, mas que irá matar a minha fome, lembro-me das crianças de rua, dos deficientes físicos, dos órfãos, das viúvas e dos oprimidos. Lembro-me dos meninos na favela, empunhando metralhadoras como se fosse brinquedo e lembro-me dos viciados, dos desempregados, dos infelizes, dos rotos, dos detentos, dos loucos e dos rebentos.
"Eita vida besta, meu Deus!"
A gema do ovo, molhada ao pão, derrete na boca.
Tenho 52 anos e sou feliz.
E não deixarei que esta felicidade morra em mim. Nunca.
Que tenho eu com o desconserto do mundo?
Diga, Drummond: que tenho eu?!
E você me responde com a ternura de quem afaga um filho:

"Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida..."

Carlos Drummond de Andrade


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