Nunca esqueci a primeira vez que a vi. Foi em uma loja num bairro tradicional da cidade do Rio de Janeiro. Uma senhora alta e elegante me chamou a atenção não só por sua aparência, mas, por aquela energia que só as pessoas normalmente de bem com a vida e consigo mesmas conseguem transmitir.
Ela usava pouquíssima maquiagem, o suficiente para destacar sua beleza natural. A pele clara e iluminada combinava perfeitamente com seus olhos azuis. Cabelos brancos como a neve e macios como algodão, estavam presos em um coque alto e impecável, destacando ainda mais sua beleza. A blusa com uma sutil transparência combinava com a calça de corte reto; ambos, em tom pastel. De gestos suaves, mas firmes ela me cumprimentou com um sorriso aberto seguido de algumas palavras bem colocadas e bem pronunciadas, em um tom de voz extremamente agradável, jovial e cheio de energia.
A naturalidade e a beleza daquela mulher, estampadas também nas pequenas rugas do rosto, refletiam a diferença em estar bem na própria pele sem a neurose de “querer parar o tempo”, assumindo elegantemente a idade que tem. Como disse Coco Chanel: “Nada envelhece mais do que uma mulher tentando desesperadamente parecer mais jovem.”
Entretanto, nos dias de hoje a disseminação do uso de botox e das cirurgias plásticas tem causado grande corrida aos consultórios. Não sou contra essas intervenções estéticas, mas me assusta a incontrolável busca por esses métodos - sem a menor preocupação – no intuito de segurar, controlar, prender uma “juventude datada”. De Coco Chanel reproduzo outra frase: “A natureza lhe dá o rosto que você tem aos 20. A vida talha o rosto que você tem aos 30. Mas depende de você merecer o rosto dos 50.”
Negar a preciosidade do presente é negar a si mesma. Nós somos o que escolhemos ser, o que vivemos e como vivemos, e assim, vamos esculpindo nossa vida, preferencialmente agregando algum valor, conhecimento e sabedoria a ela.
Nada é permanente ao longo do tempo. Essa impermanência – um princípio budista – opera diariamente em nossas vidas. Tudo muda, tudo evolui recriando-se a cada instante. Em alguns casos esse processo pode gerar em algumas pessoas profunda ansiedade e angústia… Ao negarmos isto, a experiência poderá ficar comprometida.
Recriar-se e reinventar-se são processos internos, contínuos. Com o tempo, vamos aprendendo a lidar com o sentimento de desapego, a liberar as emoções… a cada novo pensamento, a cada novo movimento, a cada nova conquista que fazemos em nossas vidas; criando um novo Eu a cada instante.
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